Após anos de mobilização da comunidade do Jardim Botânico, finalmente foi publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) o Termo de Concessão que cede à Secretaria de Mobilidade (SEMOB) uma área destinada à construção do primeiro terminal rodoviário da região. O documento, assinado em 12 de maio de 2025, representa um marco importante na luta por melhorias no transporte público local.
A área, localizada nos lotes CR3 nº 01 e 02 do Jardins Mangueiral – conhecida como “Área do Dente” –, foi cedida pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB), com intermediação da Administração Regional do Jardim Botânico. O novo terminal será um equipamento público estratégico para integrar o sistema de transporte coletivo do DF, melhorar a mobilidade da região e reduzir os custos com tarifas para os usuários.
A previsão da Administração Regional é que o processo de licitação para construção do terminal ocorra ainda em julho de 2025. “Essa conquista é fruto de anos de articulação e pressão da comunidade, que nunca deixou de reivindicar um transporte público mais digno e eficiente para a região”, destacou o administrador regional, Aderivaldo Cardoso, que se afastou recentemente do cargo.
Reivindicação antiga
A reivindicação por um terminal é antiga. Desde 2015, o Movimento Comunitário do Jardim Botânico (MCJB) tem liderado campanhas, enviado ofícios, participado de reuniões com autoridades e promovido workshops com foco em políticas públicas para a mobilidade urbana (relembre aqui). Apesar de melhorias pontuais na infraestrutura viária, como a entrega do Viaduto do Jardim Botânico em novembro de 2024, os problemas de trânsito e superlotação no transporte coletivo continuam impactando fortemente a vida da população local.
Estima-se que a cidade tenha hoje cerca de 80 mil habitantes. O Jardim Botânico é a quinta maior Região Administrativa do DF em extensão territorial e uma das que mais cresce populacionalmente. Mesmo com esse perfil, até agora não contava com um terminal de ônibus próprio.
Atualmente, a comunidade é atendida por 18 linhas de ônibus, sendo apenas sete exclusivas para bairros específicos da RA. As demais partem de outras regiões administrativas e apenas passam pelo JB, muitas vezes já lotadas, principalmente nos horários de pico. Essa deficiência gera sobrecarga nos veículos, atrasos, aumento da tarifa para os moradores e desincentivo ao uso do transporte coletivo.
A ausência de um terminal obriga ao uso de locais distantes para ponto de partida das linhas, tais como o Terminal de São Sebastião, o que compromete a eficiência do sistema. Além disso, a tarifa cheia de R$5,50 penaliza o orçamento de quem já enfrenta o alto custo de vida e a precariedade nos serviços públicos. Com a implantação de um terminal no próprio Jardim Botânico, estima-se que a tarifa possa ser reduzida para R$3,80 ou até R$2,70, dependendo da rota, trazendo alívio ao bolso da população.
Mobilidade urbana é o grande gargalo do JB
Em julho de 2024, o MCJB realizou uma pesquisa comunitária que revelou dados alarmantes (relembre aqui). Entre os usuários do transporte público, 72,2% apontaram como principais problemas a superlotação nos horários de pico, a escassez de linhas e a irregularidade dos horários. Entre aqueles que usam seus veículos para o próprio transporte, 8 em cada 10 afirmaram que deixariam seus carros em casa se tivessem acesso a um transporte público de qualidade.
Esses números reforçam a necessidade urgente de investimentos na infraestrutura de mobilidade da região. O novo terminal, ao centralizar as operações e permitir maior frequência e diversidade de rotas, tem potencial para reduzir significativamente o número de carros nas ruas, o que também contribui para a redução de congestionamentos e da emissão de gases poluentes.
A mobilidade urbana tem sido o principal gargalo do Jardim Botânico. Mesmo com obras recentes como o Viaduto do Jardim Botânico e o anúncio do Viaduto do Mangueiral, previsto para 2025, os engarrafamentos em horários de pico continuam sendo rotina para milhares de motoristas.
A construção do terminal rodoviário representa um passo essencial na criação de um sistema de transporte mais eficiente, integrado e justo. “O desenvolvimento urbano precisa caminhar junto com a mobilidade. O Jardim Botânico cresceu, e agora precisa de infraestrutura à altura desse crescimento”, afirma Rose Marques, presidente do MCJB.
Expectativa
Com o Termo de Concessão publicado, a expectativa é de que o projeto do terminal avance rapidamente. A comunidade, por meio do MCJB, seguirá acompanhando todas as etapas do processo – da licitação à construção e futura operação do equipamento. A mobilização continua, agora com foco na garantia de um terminal moderno, acessível e funcional para todos os moradores.
A construção do terminal é vista como um divisor de águas para o Jardim Botânico. Com mais linhas exclusivas, intervalos regulares, rotas diretas e um local apropriado para embarque e desembarque, será possível transformar o transporte público em uma opção real, segura e viável para milhares de pessoas.
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