Jardim Botânico, 08 de Maio de 2025
Por Redação MCJB
Levantamento do MCJB realizado seis meses após a inauguração, destaca melhorias no trânsito e redução de congestionamentos, mas alerta para problemas de segurança e reforça demandas históricas por passarelas, ciclovias integradas, transporte público e mais infraestrutura viária.
Seis meses após a entrega do Viaduto do Jardim Botânico, a comunidade local vive uma realidade ambígua: se por um lado o trânsito flui com mais agilidade, por outro, persistem gargalos estruturais, baixa segurança viária e falta de soluções para pedestres e ciclistas. É o que mostra a pesquisa comunitária realizada pelo Movimento Comunitário do Jardim Botânico (MCJB), entre os dias 5 e 7 de maio de 2025, com 762 moradores e usuários do novo complexo viário.
A obra, inaugurada em 08 novembro de 2024 (relembre aqui), era esperada há mais de duas décadas e enfrentou quatro adiamentos desde que teve início em janeiro de 2023. Durante o período de construção, o tráfego na região foi bastante impactado, com fechamento de faixas e acessos importantes, agravando o caos na mobilidade local. Segundo os dados da pesquisa, muitos dos resultados positivos observados atualmente representam uma melhora em relação ao cenário gerado pelas obras, e não necessariamente à realidade pré-existente.
Redução no tempo de deslocamento
A principal conquista apontada pela comunidade foi a redução do tempo de deslocamento. Antes da obra, metade dos usuários gastava mais de 30 minutos para cruzar a região. Após a entrega do viaduto, esse número caiu para 13,5%, e 63% dos trajetos passaram a ser realizados em até 20 minutos.
No entanto, a melhora foi classificada como parcial pela maioria dos participantes. Para 50,8% dos entrevistados, o trânsito “melhorou um pouco”, enquanto apenas 33,9% consideraram que “melhorou muito”. A avaliação média de fluidez ficou em 3,17 (em uma escala de 1 a 5), pois ainda há grave lentidão nos horários de pico.
Satisfação com a obra e perfil dos usuários
Setenta e nove por cento dos respondentes declararam-se satisfeitos com a obra – sendo 27% muito satisfeitos e 52% satisfeitos parcialmente. Ainda assim, 21% afirmaram estar insatisfeitos ou indiferentes. A pesquisa mostrou que 50% dos usuários são motoristas de carro particular e que 40% utilizam o viaduto diariamente. As regiões mais representadas foram o Jardim Botânico (25%) e São Sebastião (20%).
Segurança: o ponto mais crítico
A pouca infraestrutura para pedestres e ciclistas foi uma das reclamações mais recorrentes. A maioria (66%) apontou a falta de passarelas como um dos principais problemas, e 31,5% mencionaram a inexistência de ciclovias ou acostamentos adequados. Apesar da percepção de melhora da fluidez, a segurança viária foi avaliada com nota média de 2,94 (em uma escala de 1 a 5, sendo 5 “excelente”). Relatos sobre acidentes – alguns fatais – aumentaram a sensação de insegurança na região, que ainda depende de travessias em faixas de pedestres e semáforos mal localizados.
Gráfico 03: Uma das piores avaliações da pesquisa, vários acidentes já ocorreram após a inauguração do Viaduto.
Histórico e mobilização comunitária
O Jardim Botânico foi formalmente instituído como Região Administrativa em 2004, mas já enfrentava problemas de mobilidade desde o início dos anos 2000. A inauguração da Ponte JK e a expansão habitacional da região – com destaque para o Jardins Mangueiral, Crixás e Alto Mangueiral – impulsionaram a demanda viária. A população triplicou de 2018 até 2024 e pode duplicar novamente com os novos empreendimentos imobiliários. O viaduto foi projetado como uma solução para o cruzamento da DF-001, que era feito por uma rotatória em nível e não suportava mais o fluxo estimado de 50 mil veículos por dia. O investimento de R$ 33,5 milhões, realizado pelo GDF e executado pelo DER-DF, contou com recursos da Terracap e do Banco do Brasil.
Apesar da conquista, a obra foi entregue após forte pressão popular, mobilizações, reuniões públicas e envio de dezenas de ofícios por parte do MCJB. O projeto contemplou apenas uma passarela de pedestre, longe do fluxo das pessoas, apesar dos inúmeros alertas feitos pela comunidade desde 2015.
Mais do que asfalto: a urgência de um plano de mobilidade
A pesquisa também comprova uma certeza antiga: o viaduto, por si só, não resolverá os problemas de mobilidade da região. O MCJB já havia apontado, em estudo realizado em 2024 (relembre aqui), que mais da metade dos moradores trocaria o carro pelo transporte público se houvesse uma rede eficiente, segura e acessível. A demanda por um Plano de Mobilidade Integrado é, portanto, urgente e estratégica para o futuro do Jardim Botânico e das regiões vizinhas, como São Sebastião, Paranoá, Tororó e Jardim ABC.
Engarrafamento registrado no Viaduto do Jardim Botânico, no dia 30/04/2025, sentido JB. A foto foi tirada no horário de pico da noite e não tinha acidente na via.
Caminhos apontados pela pesquisa
O relatório final propõe soluções imediatas, como a instalação de passarelas entre o viaduto e o balão do Mangueiral e no comércio do Solar de Brasília, interligação e construção de ciclovias ao longo da DF-001, reprogramação dos semáforos e campanhas de segurança no trânsito. Há ainda sugestões de médio prazo, como o incentivo à mobilidade ativa e o monitoramento contínuo de acidentes na área.
Gráfico 04: Dificuldades em pontos cruciais perduram, inclusive com a transferência do congestionamento.
Próximos passos
O relatório já foi encaminhado ao DER-DF, e à Administração Regional do Jardim Botânico e para a Frente Parlamentar do Jardim Botânico. Também será distribuído á imprensa. A nova rodada da pesquisa está prevista para novembro de 2025, no aniversário de um ano da obra, e deve avaliar o andamento das ações propostas. Para ter acesso ao relatório completo, clicar aqui.
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